Falece Fábio de Mello, gênio das comissões de frente que revolucionou o Carnaval

O Carnaval perdeu um de seus maiores gênios. Fábio de Mello, renomado coreógrafo que redefiniu o conceito de comissão de frente, faleceu nesta terça-feira (28), aos 61 anos. A causa da morte não foi divulgada. A informação foi confirmada pela Imperatriz Leopoldinense, escola pela qual marcou época na Marquês de Sapucaí.

Com uma trajetória brilhante e inovadora, Fábio de Mello tornou-se referência no Carnaval carioca, criando coreografias memoráveis que encantaram públicos e jurados por décadas. Seu nome está eternamente ligado à Imperatriz Leopoldinense, onde iniciou sua história em 1992, a convite da carnavalesca Rosa Magalhães, que também nos deixou em julho de 2024.

Durante sua passagem pela agremiação, conquistou uma série impressionante de notas máximas, prêmios e campeonatos, consolidando-se como um dos mais premiados coreógrafos da história do samba.

Uma revolução na Sapucaí

A genialidade de Fábio de Mello transformou a comissão de frente em um verdadeiro espetáculo. Seus movimentos coreografados em sequência, a forma como utilizava o espaço e a interação com o desfile mudaram para sempre a maneira como as escolas de samba apresentavam esse quesito na avenida. Ele compreendeu como poucos as peculiaridades da Sapucaí, um palco em movimento e vertical, onde o público observa do alto cada detalhe da apresentação.

Foi na Imperatriz que Fábio fez história, garantindo 12 notas máximas consecutivas entre 1992 e 2002.

Ao longo da carreira, acumulou sete prêmios Estandarte de Ouro, o mais importante do Carnaval carioca. Cinco desses troféus foram conquistados na Imperatriz, enquanto os demais vieram em passagens pela Beija-Flor de Nilópolis, Unidos do Viradouro e Mocidade Independente de Padre Miguel. Em 2015, ele retornou à Imperatriz para sua última jornada como coreógrafo na avenida.

O jornalista e escritor Fábio Fabato destacou a importância do artista para o Carnaval:

Dores e desafios nos últimos anos

Apesar de todo o brilho de sua carreira, Fábio de Mello enfrentou dificuldades nos últimos anos. Sofria com problemas financeiros e com os efeitos da Síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso e pode causar paralisia.

Mesmo diante das adversidades, seu legado seguiu vivo na memória do Carnaval.

Homenagens e despedida

A Imperatriz Leopoldinense, escola que testemunhou e celebrou grande parte de seu sucesso, manifestou pesar pela perda irreparável:

O Carnaval do Rio de Janeiro perde um de seus artistas mais inovadores e talentosos, mas seu legado permanecerá vivo nos desfiles, nas memórias e na história do samba. Fábio de Mello parte, mas suas coreografias e a revolução que ele trouxe ao Carnaval jamais serão esquecidas.