Trump provoca reações ao afirmar que a América Latina "precisa mais dos EUA do que os EUA precisam dela"
Em sua posse como o 47º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump fez uma demonstração de sua postura firme e provocativa em relação à política externa. Questionado nesta segunda-feira (20) sobre sua visão para as relações com o Brasil e a América Latina, Trump não economizou palavras e destacou o que considera ser a posição privilegiada dos EUA no cenário global. "Eles precisam de nós muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós", afirmou, em resposta à repórter Raquel Krähenbühl, da TV Globo, no Salão Oval da Casa Branca.
A fala cheia de repercussão imediata, destacando a já conhecida postura de Trump, que mistura retórica nacionalista com tom de autossuficiência.
Lula prega diálogo, mas reforça postura de independência
Em entrevista, Lula procurou evitar um debate direto com Trump, optando por reafirmar seu desejo de construir pontes diplomáticas, mesmo diante de provocações. "Da nossa parte, não queremos briga. Nem com os americanos, nem com a China, nem com a Venezuela, nem com nenhum outro país", declarou o presidente brasileiro. Ele destacou ainda que força por uma boa gestão do governo Trump, desejando que uma nova administração “melhore a vida do povo americano”.
O líder brasileiro reforçou, no entanto, que a soberania e os interesses do Brasil continuem sendo prioridades. "O Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, e eu fui eleito para governar o Brasil. O que eu espero é que possamos trabalhar de forma respeitosa e produtiva para os dois lados", afirmou Lula, em uma tentativa de neutralizar possíveis conclusões.
Primeiros decretos de Trump: impacto global e polêmico
No mesmo dia de sua posse, Trump assinou uma série de decretos que reforçam seu discurso protecionista e nacionalista, além das promessas feitas durante sua campanha. Dentre as medidas mais controversas, está a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, sob a justificativa de que o tratado prejudica a economia americana enquanto beneficia outros países.
Além disso, o presidente republicano anunciou uma série de ações que deverão gerar reações intensas em escala global. Ele declarou que 1,5 mil pessoas acusadas de envolvimento no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 serão perdoadas. A decisão já enfrenta críticas dentro e fora dos EUA, com opositores alegando que isso incentiva movimentos extremistas.
Outra medida polêmica envolve a fronteira com o México. Trump afirmou que declarará emergência na região, autorizando o envio de tropas para conter a imigração ilegal. Ele também prometeu expulsar todos os imigrantes que entrassem no país de forma irregular e mudar o nome do Golfo do México para "Golfo da América".
Visão de futuro: "Uma era de ouro para os EUA"
Em seu discurso de posse, Trump apresentou um tom grandioso, prometendo um período de prosperidade sem precedentes para os Estados Unidos. "A era de ouro dos Estados Unidos começa neste momento. Nossa soberania será restaurada. Nossa prioridade será criar uma nação que seja próspera e livre (...). Seremos uma nação rica de novo", declarou, arrancando aplausos de seus apoiadores. Ele também anunciou planos ambiciosos, incluindo “expandir o território” e implementar políticas fortemente anti-imigração.
A visão de Trump para seu mandato, porém, gera dúvidas e preocupações em diferentes partes do mundo.
América Latina no radar: parceria ou distanciamento?
A fala de Trump sobre a América Latina, especialmente sua visão de que a região precisa mais dos Estados Unidos do que o contrário, reflete uma postura que pode reconfigurar relações históricas. O Brasil, como maior economia da região, se encontra em uma posição estratégica, mas o futuro da parceria com os EUA dependerá de como os dois líderes irão equilibrar suas agendas.
Para o presidente Lula, o desafio será manter um tom conciliador sem abrir a mão dos interesses brasileiros. Já Trump parece disposto a priorizar uma política externa que favoreça exclusivamente os Estados Unidos, mesmo que isso cause atritos.
O que esperar daqui em diante
O primeiro dia de Trump no cargo sinalizando um governo com foco em medidas internacionais e em consolidar a posição americana como líder global, mesmo que isso signifique adotar posturas polêmicas e polêmicas. Enquanto isso, líderes da América Latina, incluindo Lula, precisarão traçar estratégias cuidadosas para lidar com o estilo imprevisível do presidente americano.
Resta saber se a retórica contundente de Trump será acompanhada por ações que, de fato, fortaleceram os EUA sem prejuízos de parceiros importantes. Para o Brasil, as próximas semanas e meses serão cruciais para entender se há cooperação ou se os discursos darão lugar a uma relação mais conflituosa.