Bolsonaro e senador são vaiados e deixam estádio às pressas sob gritos de ‘vai ser preso’
O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrentou mais um episódio de forte rejeição popular. Durante a partida entre Fluminense e Vasco da Gama, realizada na noite de quarta-feira (5 de fevereiro) no estádio Mané Garrincha, em Brasília, ele foi alvo de vaias e protestos intensos por parte da torcida. Diante da pressão, Bolsonaro e o senador conhecido pelo escândalo das ‘rachadinhas’, que vestia uma camisa do Vasco, tiveram que deixar o local às pressas.
Mesmo antes de deixar o Palácio do Planalto, Bolsonaro já enfrentava reações adversas em eventos esportivos. Em diversas ocasiões, tentou se aproximar de clubes de futebol para associar sua imagem ao prestígio dos jogadores, mas frequentemente foi recebido com vaias.
O ex-presidente estava acompanhado de aliados políticos, incluindo o senador, figura envolvida no escândalo das rachadinhas, prática que envolve o desvio de salários de assessores parlamentares. Com o aumento das manifestações, ambos deixaram o local rapidamente, sob uma crescente onda de protestos.
Bolsonaro acumula uma série de acusações que alimentam a insatisfação popular. Durante seu mandato, foi amplamente criticado por sua gestão da pandemia de Covid-19, marcada pelo negacionismo e pela resistência à vacinação.
Entre as acusações mais graves estão as tentativas de subversão da ordem democrática. Documentos e investigações apontam que Bolsonaro e seus aliados cogitaram um golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Planos de ataques contra figuras-chave do governo, como o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, também foram mencionados em investigações recentes.
Durante sua gestão, Bolsonaro também promoveu políticas que fragilizaram grandes empresas públicas brasileiras. Instituições como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobras e Eletrobras passaram por tentativas de privatização ou desmonte, gerando prejuízos financeiros e estratégicos para o país. A venda da Eletrobras, uma das maiores empresas de energia da América Latina, levantou suspeitas de irregularidades e foi apontada como prejudicial ao interesse público.
A política de fatiamento da Petrobras, que facilitou a venda de ativos para investidores estrangeiros, também é alvo de críticas. Paralelamente, investigações apontam conexões entre aliados de Bolsonaro e operações financeiras suspeitas, incluindo a crise da Americanas, que resultou em um dos maiores escândalos corporativos recentes do Brasil.
Os episódios de rejeição demonstram um amadurecimento da opinião pública brasileira, que se mostra mais atenta às movimentações políticas e menos suscetível a discursos populistas. Manifestações como a ocorrida no Mané Garrincha revelam que Bolsonaro enfrenta crescente resistência em espaços públicos, onde tenta se manter relevante.
O ex-presidente e seus aliados, que antes conseguiam capitalizar apoio em eventos esportivos, agora encontram um cenário diferente. O descontentamento popular impede que figuras políticas envolvidas em escândalos utilizem o futebol como ferramenta de autopromoção. O episódio no estádio é um reflexo dessa nova realidade: vaiado e sob gritos de protesto, Bolsonaro foi obrigado a sair às pressas, evidenciando que sua popularidade segue em declínio.