O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), gerou polêmica com uma declaração que pode impactar diretamente a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto. Durante uma entrevista concedida à Jovem Pan na última segunda-feira (13), Mello revelou que ambos “conversaram muito”, uma afirmação que, se confirmada, pode levar os dois políticos a enfrentarem sérias consequências legais.
Desde fevereiro de 2023, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro e Valdemar estão proibidos de manter qualquer tipo de contato. A determinação foi imposta no âmbito das investigações relacionadas à tentativa de golpe de Estado. Ambos são alvos de inquéritos conduzidos pela Polícia Federal e, segundo a decisão, a decisão visa garantir a integridade do processo e evitar possíveis interferências.
Apesar das restrições, Jorginho Mello admitiu que os dois políticos se comunicam regularmente. Ele destacou que, mesmo seguindo a determinação de manter uma distância de 200 metros enquanto estiver na sede do PL em Brasília, o diálogo entre eles é constante. “Nosso presidente (do PL) conversa muito com o Bolsonaro, que é nosso presidente de honra. Espero que daqui um pouco eles possam conversar na mesma sala para se ajudarem ainda mais”, declarou o governador, em tom otimista.
As palavras de Mello levantaram questionamentos sobre o cumprimento das medidas cautelares impostas por Moraes. A comunicação entre os dois, caso confirmado como uma violação da ordem judicial, pode acarretar graves consequências. O Código de Processo Penal prevê que, em situações de descumprimento de medidas judiciais, pode ser decretada a prisão preventiva dos envolvidos, uma medida que busca impedir a obstrução das investigações.
A declaração trouxe à tona a tensão em torno das figuras de Bolsonaro e Valdemar, ambos já fragilizados pelas investigações em curso. No contexto político, a revelação também reacende o debate sobre a conduta de líderes partidários e a influência que continuam exercendo nos bastidores, mesmo em meio às acusações. Para especialistas, a fala do governador pode ser usada como elemento probatório no inquérito, dependendo de como as autoridades interpretaram a situação.
O governador Jorginho Mello não declarou preocupação ao fazer a declaração e pareceu minimizar as possíveis implicações legais. Sua postura gerou críticas de setores da oposição, que apontaram a fala como uma tentativa de normalizar comportamentos que violam decisões judiciais. Por outro lado, apoiadores de Bolsonaro e Valdemar têm defendido a necessidade de diálogo entre os líderes do partido, considerando o momento político delicado enfrentado pelo PL.
As próximas etapas das investigações serão consideradas decisivas para esclarecer os fatos e determinar se houve, de fato, descumprimento das medidas cautelares. A repercussão da fala de Mello também reforça a importância do cumprimento rigoroso das decisões judiciais, especialmente em processos de alta relevância política. Enquanto isso, tanto Bolsonaro quanto Valdemar permaneceram sob os olhares atentos das autoridades e da opinião pública, em uma conjuntura que pode redefinir suas trajetórias políticas e jurídicas.