O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi condenado a indenizar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua esposa, Michelle Bolsonaro, no valor de 15 mil reais por danos morais. A decisão judicial foi motivada por acusações feitas por Lula de que o casal havia retirado 83 móveis do Palácio da Alvorada. A sentença, emitida pelo juiz Diego Câmara, da 17ª Vara Federal do Distrito Federal, foi publicada na última segunda-feira, dia 9. O magistrado argumentou que as alegações de Lula causaram "dano à imagem e à reputação" de Bolsonaro e Michelle, uma vez que ficou comprovado que os itens citados permaneceram sob a guarda da União durante todo o período mencionado.
A polêmica começou em 2023, no início do terceiro mandato de Lula, quando o presidente declarou, sem apresentar provas, que os ex-moradores do Alvorada haviam "levado tudo" do palácio.
De acordo com o juiz Diego Câmara, a comprovação de que os itens mencionados estavam sob a custódia da União refuta as acusações de Lula, configurando dano à "honra objetiva e subjetiva" de Jair e Michelle Bolsonaro. O magistrado destacou que, por se tratar de um patrimônio público, as declarações do atual presidente geraram repercussão negativa, atingindo diretamente a reputação do casal.
No início de janeiro de 2023, a primeira-dama Janja também reforçou as críticas à situação do Palácio da Alvorada, afirmando que o local estava em más condições e que muitos dos móveis originais não se encontravam mais lá. Lula, por sua vez, afirmou que essa ausência de itens o obrigou a começar seu novo mandato hospedado em um hotel em Brasília, ao invés de residir no Alvorada. As declarações geraram repercussão nacional e abriram caminho para as investigações sobre o paradeiro dos móveis.
Em resposta às acusações, Jair Bolsonaro utilizou as redes sociais para negar as alegações e afirmar que todos os móveis estavam no Palácio da Alvorada. Ele acusou Lula de fazer uma "falsa comunicação de furto", sustentando que as peças de mobiliário estavam devidamente armazenadas.
A controvérsia foi finalmente resolvida em setembro de 2023, quando a Comissão de Inventário da Presidência da República localizou todos os itens que haviam sido considerados desaparecidos. As informações foram confirmadas por meio de um pedido baseado na Lei de Acesso à Informação (LAI), conforme divulgado pelo jornal "Folha de S.Paulo". A comissão responsável encontrou os 261 bens que, inicialmente, não haviam sido localizados durante a conferência de 2022. Ao fim da investigação, os itens foram encontrados em diversas dependências da residência oficial.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República emitiu uma nota esclarecendo o processo de conferência dos bens.
A condenação de Lula reflete a importância de se ter cautela ao fazer afirmações públicas, principalmente quando envolvem figuras políticas de grande relevância. A situação ressaltou como desentendimentos podem escalar para disputas judiciais, gerando consequências legais e impactando a imagem pública dos envolvidos. A resolução do caso, no entanto, também trouxe à tona a necessidade de maior transparência e rigor nos processos de controle patrimonial em instituições públicas, como o Palácio da Alvorada.