Tragédia em Cruzília: queda de helicóptero deixa três mortos e levanta questionamentos sobre segurança aérea no campo
Uma tragédia abalou a cidade de Cruzília, no sul de Minas Gerais, na tarde desta segunda-feira (27). Um helicóptero usado para pulverização de lavouras caiu em uma fazenda da região, resultando na morte de três pessoas: o piloto Fernando André Ferreira, de 46 anos; o gerente da fazenda, Lúcio André Duarte, de 39 anos; e sua esposa, Elaine Moraes Souza, de 37 anos. A confirmação foi feita pela Polícia Militar e pelo proprietário da fazenda, Amauri Pinto Costa.
O acidente ocorreu quando o helicóptero Robinson R44 II, prefixo PR-TIB, retornava de outra fazenda após uma breve viagem. Segundo informações iniciais, o piloto, natural de Goiânia, realizava serviços especializados de pulverização agrícola.
Funcionários da fazenda relataram ter ouvido um barulho estranho momentos antes do impacto. De acordo com o boletim de ocorrência, o helicóptero, que era adaptado para atividades aeroagrícolas, pegou fogo após a queda. Em um ato de desespero, o filho do piloto, que também é sócio da empresa responsável pela aeronave, retirou o corpo do pai dos destroços para evitar que fosse carbonizado.
Equipes do Corpo de Bombeiros e da perícia da Polícia Civil foram acionadas para atuar no local. Os corpos das vítimas foram removidos na manhã desta terça-feira (28) e encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) de São Lourenço para exames de necropsia e identificação formal.
Fabricado em 2009, o Robinson R44 II era uma aeronave adaptada para pulverização de lavouras. Apesar de sua operação estar regularizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o helicóptero não tinha autorização para transporte comercial de passageiros, podendo ser utilizado apenas para fins particulares. Segundo o sistema da Anac, o veículo possuía um certificado de aeronavegabilidade "normal", permitindo sua operação dentro dos parâmetros estabelecidos.
Esses dados levantam questões sobre o uso da aeronave e a segurança de adaptações para finalidades agrícolas. Embora adaptado para pulverização, o helicóptero transportava três pessoas no momento do acidente, o que pode ter influenciado sua estabilidade ou desempenho.
A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou que investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA III) foram acionados para analisar o caso. O processo inclui técnicas de coleta e preservação de evidências, verificação de danos à aeronave e levantamento de informações que possam explicar a queda.
A FAB informou que a conclusão da investigação ocorrerá "no menor prazo possível", mas destacou que a complexidade do caso pode prolongar o trabalho. Além disso, a Polícia Civil também apura as circunstâncias do acidente, colaborando para esclarecer os fatores que levaram à tragédia.
A queda do helicóptero deixou um rastro de comoção na região.
A tragédia levanta uma série de questionamentos sobre as condições de segurança na aviação agrícola, especialmente em aeronaves adaptadas. O uso de helicópteros para pulverização, embora comum em algumas regiões, exige manutenção rigorosa e cumprimento estrito das normas técnicas para evitar riscos. Este acidente reforça a necessidade de monitoramento mais intenso das condições de operação dessas aeronaves e de seus pilotos.
Embora as causas do acidente ainda estejam sob investigação, o episódio ressalta a importância de protocolos de segurança mais rígidos no setor. Operações em áreas rurais frequentemente envolvem aeronaves modificadas para atender às necessidades específicas de pulverização, mas essas adaptações podem trazer desafios adicionais em termos de estabilidade e segurança.
A busca por respostas e o aprendizado com a tragédia são fundamentais para evitar que novas perdas ocorram. O incidente em Cruzília é um lembrete doloroso de que, mesmo em atividades rotineiras, a segurança não pode ser negligenciada.
As investigações sobre o acidente prometem trazer esclarecimentos, mas as perdas são irreparáveis.