Bolsonaro diz estar preparado para ser preso a qualquer momento: 'Durmo bem, mas espero a PF'
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que está pronto para ser preso a qualquer momento pela Polícia Federal (PF). Indiciado em diferentes investigações, incluindo a suposta tentativa de golpe de Estado, o caso das joias sauditas e a inserção de dados falsos em carteiras de vacinação, Bolsonaro declarou que já espera a visita das autoridades a sua residência.
"Durmo bem, mas já estou preparado para ouvir a campainha tocar às seis da manhã: ‘É a Polícia Federal!’", disse o ex-mandatário em entrevista à revista americana Bloomberg, publicada nesta quinta-feira (30).
As investigações que envolvem o ex-presidente estão avançando rapidamente.
Além do ex-presidente, figuras-chave do seu governo estão na mira da Justiça. Um dos principais aliados de Bolsonaro, o general da reserva e ex-ministro Walter Braga Netto, está preso desde 14 de dezembro de 2024 no âmbito do inquérito do golpe. Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022, é apontado como um dos articuladores da suposta tentativa de ruptura institucional.
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro menciona a possibilidade de ser detido. Em declarações recentes, ele tem insistido no discurso de perseguição política e alegado que as acusações contra ele não possuem fundamento.
“Eu acordo todo dia com a sensação da PF na porta. Qual a acusação? Não interessa”, disse Bolsonaro em entrevista ao canal AuriVerde, no YouTube, no último dia 22.
O ex-presidente tem reforçado sua defesa, argumentando que sua gestão foi pautada pela legalidade e que está sendo alvo de uma ofensiva judicial com motivações políticas. Seus aliados também têm adotado o mesmo discurso, classificando as investigações como uma tentativa de impedir seu retorno à vida política.
A possibilidade de prisão de Bolsonaro tem provocado reações tanto entre seus apoiadores quanto entre seus adversários políticos. O núcleo bolsonarista vê a situação como uma perseguição jurídica que visa desmoralizar o ex-presidente e desgastar sua imagem para as próximas eleições. Por outro lado, opositores argumentam que as investigações apenas demonstram que ninguém está acima da lei e que o Estado democrático de direito está sendo respeitado.
Nos bastidores, lideranças políticas de diversos espectros monitoram os desdobramentos das investigações. Caso Bolsonaro seja efetivamente preso, isso pode causar grande comoção entre sua base, gerando manifestações e possíveis tensões nas ruas. Ao mesmo tempo, pode enfraquecer sua influência política e abrir caminho para novas lideranças da direita brasileira.
A Procuradoria-Geral da República agora tem a responsabilidade de analisar os inquéritos e decidir os próximos passos. Se houver uma denúncia formal, o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá julgar Bolsonaro e demais investigados. Caso contrário, a PGR pode pedir mais investigações antes de decidir pelo indiciamento.
Enquanto aguarda os desdobramentos, Bolsonaro continua adotando um discurso de resistência, ao mesmo tempo em que mobiliza sua base política para se manter relevante no cenário nacional. Se sua prisão se concretizar, será um dos episódios mais marcantes da história política recente do Brasil, testando os limites da democracia e do sistema judiciário.
O Brasil segue atento aos próximos capítulos dessa história, que pode redefinir os rumos do país nos próximos anos.