O candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), causou alvoroço nesta sexta-feira (20/9) ao responder uma mensagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com uma provocação direta. Marçal, que já teve vínculos com o ex-presidente, afirmou que não cometerá os mesmos erros que ele durante sua gestão presidencial. O vídeo de Bolsonaro foi postado no perfil do candidato, e rapidamente ganhou repercussão por conta da resposta afiada.

Marçal escreveu: “Valeu por tudo, capitão. Prometo não errar como você errou na presidência. Deixa que São Paulo está dominada”. A provocação chamou atenção, pois, apesar de ter começado sua trajetória política próximo ao bolsonarismo, Marçal agora busca se diferenciar e traçar seu próprio caminho, especialmente diante das críticas que tem recebido de apoiadores de Bolsonaro.

Na mensagem inicial, Bolsonaro tentou adotar um tom conciliador, afirmando que Marçal não era seu inimigo, mas ressaltou que ele estaria exagerando e arranjando "inimigos em qualquer lugar". O ex-presidente criticou os excessos do candidato, afirmando: "Esse exagero leva descrédito para ele". A troca de farpas entre os dois revela uma tensão crescente dentro do espectro político da direita, especialmente com Marçal tentando ocupar um espaço que antes pertencia exclusivamente a Bolsonaro.

A relação entre Marçal e Bolsonaro se deteriorou desde 2022, quando o ex-coach foi cotado para cuidar das redes sociais da campanha presidencial de Bolsonaro. A parceria acabou não acontecendo, supostamente devido a desentendimentos com Carlos Bolsonaro, o filho do ex-presidente e responsável pela estratégia digital do pai.

Esse episódio marcou o início de uma série de atritos entre Marçal e o núcleo bolsonarista.

Apesar desses desentendimentos, Pablo Marçal tem conseguido atrair uma fatia significativa do eleitorado de direita, o que tem gerado desconforto entre os aliados de Bolsonaro. O ex-presidente, por sua vez, declarou apoio a Ricardo Nunes (MDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o que intensificou as divisões na base bolsonarista. O apoio de Bolsonaro a Nunes contrasta com o desejo de muitos de seus seguidores, que demonstram simpatia por Marçal, criando um cenário de fragmentação política na direita.

Em meio à disputa por votos em São Paulo, Marçal não hesitou em tentar se reaproximar da imagem de Bolsonaro. Em uma postagem nas redes sociais do ex-presidente, o candidato escreveu: "Pra cima, capitão.

Como você disse: eles vão sentir saudades de nós." A resposta de Bolsonaro, no entanto, foi direta: “Nós?”, indicando que ele não via mais uma conexão política entre os dois. Marçal então rebateu: "Isso mesmo, presidente. Coloquei 100 mil na sua campanha, te ajudei com os influenciadores, te ajudei no digital, fiz você gravar mais de 800 vídeos. Por te ajudar, entrei para a lista de investigados da PF. Se não existe o 'nós', seja mais claro".

As desavenças entre Marçal e Bolsonaro também ganharam destaque após o incidente durante um debate na TV Cultura, onde o jornalista José Luiz Datena (PSDB) agrediu Marçal com uma cadeira. O ex-coach comparou a agressão à facada que Bolsonaro sofreu durante a campanha de 2018, o que foi prontamente rebatido pelo ex-presidente.

Bolsonaro considerou a comparação "lamentável" e acusou Marçal de usar o episódio para se promover: “Usar um episódio desse da cadeirada, que ele provocou, para buscar se comparar comigo e Trump para conseguir o poder é lamentável”.

O círculo de aliados mais próximos de Bolsonaro também se posicionou contra Pablo Marçal. Entre os críticos mais fervorosos estão Carlos Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), e o pastor Silas Malafaia, todos figuras influentes no cenário político da direita. As críticas a Marçal vêm aumentando à medida que ele se distancia do bolsonarismo e busca consolidar sua própria base de apoio.

No final das contas, a disputa entre Marçal e Bolsonaro reflete as tensões internas no campo da direita, especialmente com as eleições municipais de São Paulo se aproximando.

Enquanto Marçal tenta se diferenciar e ganhar terreno, Bolsonaro e seus aliados parecem determinados a minar as chances do ex-coach de expandir sua influência política. O embate entre os dois pode ter repercussões significativas para o futuro da direita no Brasil, especialmente no contexto das próximas eleições.