Cristina Ferreira, uma das figuras mais conhecidas da televisão portuguesa, não é uma estranha à polémica. Recentemente, a apresentadora abriu o seu coração sobre a sua saída da SIC e o longo processo judicial que se seguiu, que se arrastou por vários anos. Na entrevista concedida ao programa CNN Entrevista, da CNN Portugal, Cristina revelou que, apesar das adversidades, nunca teve dúvidas sobre a sua decisão: “Nem que eu tivesse ficado sem nada, aquela foi a minha escolha.” Esta afirmação ressoa com a força de alguém que assumiu a responsabilidade por suas decisões, mesmo quando estas vieram acompanhadas de consequências significativas.
A transição de Cristina Ferreira da SIC para a TVI em 2020 não foi apenas um movimento de carreira; foi também uma decisão que a colocou sob o olhar crítico do público e da imprensa. Cristina acabou por ser condenada a pagar mais de três milhões de euros à SIC, uma quantia que, segundo ela, considera injusta. No entanto, em dezembro de 2024, finalmente, as partes chegaram a um acordo, encerrando uma fase conturbada da sua trajetória profissional. Para a apresentadora, o processo judicial nunca deveria ter ocorrido. “Para mim, é óbvio que não foi justo. Houve da minha parte, desde o início, uma vontade de cumprir o que estava estabelecido”, afirma, mostrando que, apesar da pressão, a sua integridade profissional sempre foi uma prioridade.
Um dos momentos mais marcantes da entrevista foi quando Cristina fez uma comparação entre a sua situação e a de Ruben Amorim, o treinador que recentemente trocou o Sporting CP pelo Manchester United. A apresentadora observou que, enquanto a decisão de Amorim foi amplamente celebrada, a sua mudança foi recebida com críticas e acusações de traição. “Revi-me muito nas reações sobre um homem no futebol que decide quebrar um contrato num local onde todos dizem que estava a ser incrível. O que disseram foi: ‘Que grande treinador, ele vai à procura do que é o melhor para ele’. No meu caso, o que disseram foi: ‘Que grande traidora, que pessoa horrível’”, desabafou Cristina, evidenciando a diferença de tratamento entre os géneros no mundo do entretenimento e do desporto.
No entanto, o editorialista Duarte Faria, em sua coluna na revista Boa Onda, levantou uma questão pertinente sobre a forma como Cristina geriu a sua transição. Para ele, a questão não se resume apenas à decisão de mudar de estação, mas sim à falta de transparência e à maneira abrupta com que a mudança foi realizada, deixando muitos na SIC sem saber o que havia acontecido. “Cristina ainda não percebeu o essencial. O problema não foi ter tomado a decisão de abandonar a SIC para voltar à TVI, mas sim a maneira como o fez, sem transparência, deixando toda uma equipa e um canal na mão”, escreveu Faria, o que provoca uma reflexão sobre a responsabilidade de figuras públicas em suas decisões.
Quase cinco anos após a polémica mudança, os ecos da controvérsia ainda reverberam entre os fãs, críticos e nos próprios meios de comunicação. A ampla gama de opiniões reflete a complexidade da situação e as diferentes percepções que surgem em torno das figuras públicas. Cristina, por sua vez, mantém-se firme na sua convicção. Ela é uma mulher que sabe o que quer e que decidiu lutar pelo que acredita ser o melhor para si, mesmo quando isso implica enfrentar julgamento público.
No final das contas, a história de Cristina Ferreira é mais do que uma simples troca de canal.