Brasileiros deportados dos EUA chegam ao Brasil em meio ao enfrentamento de políticas imigratórias
O primeiro voo de brasileiros deportados dos Estados Unidos em 2025 está programado para pousar nesta sexta-feira (24) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, Minas Gerais. A previsão é de que o avião chegue por volta das 20h, trazendo de volta ao país itens de contenção que enfrentarão o rigor das novas medidas imigratórias determinadas pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Este será o segundo voo de deportados vindo dos EUA neste ano. O primeiro ocorreu em 10 de janeiro, antes mesmo da posse de Trump, marcando o início de uma série de ações mais rígidas contra imigrantes ilegais no país. O grupo que retorna nesta sexta-feira desembarca em um contexto de tensão e incertezas para a comunidade brasileira que vive em solo americano, especialmente para aqueles em situação irregular.
Desde que assumiu a presidência na última segunda-feira (20), Donald Trump tem cumprido suas promessas de campanha, implementando uma série de ordens executivas que dificultam a entrada e a permanência de imigrantes nos Estados Unidos. Entre as primeiras ações está o encerramento de iniciativas criadas na gestão de Joe Biden, que facilitaram a imigração legal para trabalhadores, estudantes e famílias.
Trump também assinou, nesta quarta-feira (22), uma ordem executiva que suspende a entrada de imigrantes ilegais pela fronteira sul, medida que afete diretamente cidadãos latino-americanos. Além disso, o republicano tentou garantir o direito de cidadania automática para crianças nascidas em território americano, mesmo que sejam filhas de estrangeiros em situação irregular.
Essas mudanças acentuaram o clima de incerteza e instabilidade para milhares de pessoas que buscam uma nova vida nos Estados Unidos. Apesar da resistência legal em algumas frentes, as iniciativas da nova administração sinalizam uma política de “tolerância zero” que deve moldar os próximos anos.
A intensificação das deportações de brasileiros é reflexo direto das novas prioridades do governo norte-americano. Na manhã desta sexta-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, apresentou nas redes sociais imagens de imigrantes algemados sendo programados para um avião militar.
A migração brasileira para os Estados Unidos cresceu nos últimos anos, especialmente durante a pandemia, quando a crise econômica e a instabilidade política no Brasil transferiram famílias inteiras para buscar novas oportunidades no exterior. No entanto, o persistência das políticas migratórias agora coloca em risco aqueles que entraram ou se concentraram no país de forma irregular.
De acordo com especialistas em imigração, brasileiros em situação irregular representam uma parcela significativa dos deportados nos últimos anos. “A mudança de governo intensificou a aplicação das leis de imigração, e muitos brasileiros que estavam há anos vivendo e trabalhando nos Estados Unidos agora enfrentam o retorno solicitado ao Brasil”, explica o advogado de imigração Paulo Gama.
Para as famílias deportadas, o retorno ao Brasil é muitas vezes acompanhado por dificuldades financeiras e emocionais. Deixei o país em busca de melhores condições de vida e acabei retornando com poucos recursos e sem perspectivas imediatas de trabalho. "O sentimento é de frustração e impotência. Você deixa tudo para trás e volta sem nada, com a sensação de fracasso", relata um dos deportados, que prefere não se identificar.
Além disso, o retorno também provocou desafios para as autoridades brasileiras. O governo precisa lidar com a reintegração desses cidadãos, oferecendo suporte psicológico e assistência social em um contexto econômico que ainda enfrenta os efeitos da inflação e do desemprego.
O voo de deportados que chega nesta sexta-feira é apenas o início de uma nova fase de tensão nas relações entre o Brasil e os Estados Unidos no que diz respeito à imigração. Organizações de direitos humanos têm criticado as medidas de Trump, classificando-as como desumanas e discriminatórias. “Tratar imigrantes como criminosos ignoram o contexto em que essas pessoas migram. Muitos estão fugindo de situações de pobreza extrema ou violência”, afirma a ativista Laura Mendes, da ONG Migrar é Direito.
Enquanto isso, para os brasileiros que ainda permanecem nos Estados Unidos em situação irregular, o futuro é incerto. Muitos temem ser os próximos na lista de deportação, vivendo sob constante vigilância e recebimento de perder tudo o que conquistaram.
Com a posse de Donald Trump e a implementação de políticas mais duradouras, o cenário para imigrantes nos Estados Unidos se torna cada vez mais solicitado. Para os brasileiros que desembarcaram hoje em Confins, o retorno ao lar representa o encerramento de um sonho, mas também o início de uma nova batalha em seu país de origem.