Cristina Ferreira, uma das figuras mais proeminentes da televisão portuguesa, decidiu, em uma recente entrevista ao programa CNN Entrevista, discutir a desigualdade de género que permeia o mundo dos media e, mais amplamente, a sociedade. A apresentadora utilizou sua própria experiência de mudança da SIC para a TVI em 2020 para ilustrar como as escolhas de homens e mulheres são frequentemente percebidas de maneiras desiguais e injustas.
Durante sua conversa, Cristina fez um paralelo com a transferência do treinador Ruben Amorim no mundo do futebol, que, segundo ela, foi recebida com aplausos e compreensões por parte do público e da imprensa.
Essa disparidade de tratamento ressalta um problema persistente: a desigualdade de género. Cristina Ferreira apontou com clareza que ainda existe uma diferença substancial nas expectativas e juízos que recaem sobre homens e mulheres que tomam decisões profissionais semelhantes. As escolhas feitas por homens são frequentemente vistas como um sinal de ambição e iniciativa, enquanto as mulheres, por sua vez, enfrentam críticas e questionamentos mais severos, como se suas decisões fossem menos válidas ou motivadas por razões pessoais ou emocionais.
A apresentadora também reconheceu que sua notoriedade no cenário mediático contribui para a atenção que sua mudança gerou. “Sou uma das mulheres mais mediáticas deste país. Culpa minha também, por muitas das coisas que fui fazendo ao longo do percurso”, confessou. Ela admite que, em muitos momentos de sua carreira, procurou ser notada, mas também percebeu que a ênfase no seu trabalho a tornou alvo de uma avaliação mais crítica e atenta.
Além disso, a reflexão de Cristina Ferreira trouxe à tona uma questão importante sobre a pressão constante que as mulheres enfrentam em ambientes que tradicionalmente foram dominados por homens.
Cristina concluiu sua entrevista reafirmando que a sua decisão de deixar a SIC não foi apenas uma escolha pessoal, mas também uma estratégia profissional. Assim como a de Ruben Amorim, a ação dela deveria ser reconhecida como uma declaração de autonomia e coragem. No entanto, a diferença de género, lamentou ela, ainda influencia a percepção pública sobre essas decisões, destacando um desafio que ainda precisa ser enfrentado por muitas mulheres em posições de destaque.
A discussão levantada por Cristina Ferreira é de extrema relevância e ressoa com muitas outras mulheres que, ao longo da história, sentiram o peso das expectativas sociais e as limitações que vêm com o género. Seu desejo de que as ações de todos, independentemente do sexo, sejam analisadas em termos de mérito e estratégia, e não com base em preconceitos de género, é um passo importante para a promoção da igualdade. Isso reforça a necessidade de uma mudança cultural que permita que tanto homens quanto mulheres possam buscar seus objetivos e sonhos sem serem subjugados a julgamentos baseados no seu sexo. É crucial que essa discussão se amplie e inspire mudanças significativas nas estruturas sociais e profissionais, permitindo uma sociedade mais equitativa e justa.