Dois irmãos, de 7 e 8 anos, foram internados no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) no último domingo (25) após suspeita de envenenamento. O trágico caso aponta como principal suspeita uma vizinha da família, que supostamente teria oferecido cajus envenenados às crianças. O incidente, ocorrido em Parnaíba, Piauí, chocou a comunidade local e levantou preocupações sobre a segurança das crianças e a motivação por trás desse ato violento.

Infelizmente, João Miguel da Silva, de apenas 7 anos, não resistiu ao envenenamento e faleceu nesta quarta-feira no HUT. Desde a última sexta-feira (23), ele e seu irmão mais velho, de 8 anos, estavam em estado grave, lutando contra os efeitos da substância tóxica. A perda de João Miguel trouxe grande tristeza para a família e comunidade, enquanto seu irmão continua em estado crítico.

A vizinha Lucélia Maria da Conceição Silva, de 52 anos, foi rapidamente detida pela polícia após a suspeita de envolvimento no crime, e teve sua prisão preventiva decretada.

A investigação policial revelou que os dois irmãos apresentaram os primeiros sinais de envenenamento na sexta-feira, logo após consumirem os cajus supostamente oferecidos pela vizinha. Lucélia negou as acusações ao ser levada para a Central de Flagrantes, mas a situação se agravou quando vizinhos, revoltados com o ocorrido, incendiaram a residência da suspeita. Esse ato de vingança coletiva reflete a indignação da comunidade e a desconfiança em relação à mulher, que já possuía um histórico de comportamento agressivo.

As crianças inicialmente receberam atendimento no Hospital Nossa Senhora de Fátima, em Parnaíba, antes de serem transferidas para a capital Teresina por meio de uma aeronave do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

A assessoria do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda) informou que exames foram realizados para identificar a substância que envenenou os meninos, mas os resultados ainda não foram divulgados. Enquanto isso, a comunidade e os familiares aguardam ansiosamente por respostas.

Durante a investigação, o juiz Marcos Antonio Moura Mendes converteu a prisão em flagrante da suspeita em prisão preventiva, baseando sua decisão em evidências contundentes. Na casa de Lucélia, a polícia encontrou veneno escondido sob uma cômoda, além de um cajueiro em frutificação no quintal, e relatos de vizinhos sobre seu comportamento agressivo com crianças. O veneno encontrado é suspeito de ser estricnina, também conhecida como "chumbinho", uma substância altamente tóxica que pode causar convulsões, paralisia muscular e falência respiratória.

Embora Lucélia tenha alegado que usava o veneno para matar ratos, a explicação não convenceu as autoridades, que apreenderam o material para análise.

O depoimento da mãe dos meninos foi crucial para a investigação. Ela relatou que o filho mais velho chegou em casa na sexta-feira com um saco de cajus, supostamente oferecido pela vizinha. Após consumir a fruta com o irmão, ambos começaram a passar mal. O caçula apresentou sintomas severos, como tontura, fraqueza e descoloração da língua, seguido por vômitos intensos. A situação alarmou a mãe, que rapidamente levou os filhos ao hospital, mas, infelizmente, não conseguiu salvar João Miguel.

Este caso terrível deixou a comunidade de Parnaíba em choque e despertou um sentimento de insegurança entre os moradores.

A mãe das crianças afirmou não ter qualquer relação com a suspeita e não consegue entender o motivo por trás do ato cruel. Relatos de outros casos de envenenamento de animais no bairro aumentam as suspeitas de que a vizinha possa estar envolvida em outras ações criminosas.

A Polícia Civil do Piauí continua investigando o caso, buscando esclarecer as circunstâncias e motivações por trás desse crime. A análise do veneno e dos cajus apreendidos será crucial para determinar a responsabilidade de Lucélia Maria da Conceição Silva. Enquanto isso, a comunidade segue em luto, esperando por justiça para os meninos e por respostas que possam trazer algum alívio diante de tamanha tragédia.