Subiu para 110 nesta terça-feira, 28, o número de deputados que assinam um pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
devido à suspensão, por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), dos recursos do programa Pé-de-Meia, que somam cerca de 6 bilhões de reais. Os parlamentares alegam que o governo cometeu uma “pedalada fiscal” — o mesmo argumento jurídico utilizado no impeachment de Dilma Rousseff — e pretendem protocolar o pedido até o dia 1º, quando se encerra o recesso do Congresso.
A lista de signatários é composta em sua maioria por deputados do PL, partido de Jair Bolsonaro, mas também inclui membros do Republicanos, União Brasil, Novo e PSDB. O impeachment é um dos processos legislativos mais complexos no Brasil e exige uma maioria qualificada para ser aprovado no plenário, ou seja, dois terços dos deputados, o que equivale a 342 votos.
No caso de um pedido de impeachment do presidente da República, a Câmara dos Deputados só aprova a abertura do processo, que, conforme a Constituição, deve ser conduzido pelo Senado. Na Casa Legislativa, é necessária uma maioria simples (42 votos) para aceitar a tramitação, mas, para aprovação em plenário, são necessários 54 votos (dois terços dos senadores). A sessão final de votação é presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, que, no caso de Dilma Rousseff, foi Ricardo Lewandowski, hoje ministro do governo Lula.
Além do desafio legislativo, o aspecto político desempenha um papel crucial no processo de impeachment. O presidente da Câmara precisa decidir se coloca o pedido em votação. Para comparação, até o início de 2024, Lula tinha 19 pedidos de impeachment, enquanto Bolsonaro enfrentou 158 durante seu mandato, mas nenhum deles foi colocado em tramitação. O pedido de cassação de Dilma, o último a ser aceito, em dezembro de 2015, avançou devido a um desentendimento político com o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que decidiu dar andamento ao processo.
O clima político dentro da Câmara, assim como o clamor popular, também são levados em consideração. Quando Dilma Rousseff foi afastada, sua aprovação era muito baixa, cerca de 10%, e houve manifestações nas ruas pedindo o impeachment.
As redes sociais também funcionam como um termômetro importante. Após a polêmica envolvendo o Pix e, mais recentemente, o programa Pé-de-Meia, a hashtag #impeachment e suas variações chegaram a ficar entre os assuntos mais comentados no X (antigo Twitter). No entanto, nesta semana, o tema perdeu força, não gerando o mesmo engajamento, nem mesmo entre os opositores mais fervorosos do governo.