A investigação sobre o chocante caso do bolo envenenado com arsênio no Rio Grande do Sul ganhou novos desdobramentos nesta terça-feira (21). Exames realizados no filho da principal suspeita, Deise Moura dos Anjos, revelaram a presença de arsênio na urina do menino. A Polícia Civil agora apura se a substância também foi intencionalmente adicionada a um suco consumido pela criança e por outros membros da família.
Deise Moura dos Anjos, que já está presa preventivamente, é acusada de envenenar um bolo que levou à morte de três pessoas de sua família em Torres, no litoral gaúcho. Agora, o pesquisador está tentando determinar se ela também encontrou suco de mangá consumido por seu marido e filho em dezembro do ano passado, dias antes do episódio fatal envolvendo o bolo.
O delegado responsável pelo caso, Marcos Vinícius Veloso, confirmou à imprensa que o suco analisado continha uma substância tóxica. “Ao que tudo indica, o consumo do suco feito pelo filho da investigada não foi acidental. Mais detalhes não podem ser divulgados no momento, mas é claro que ele não foi acidental”, afirmou. A investigação não descartou nenhuma possibilidade, incluindo a possibilidade de Deise ter a intenção de envenenar tanto o marido quanto o filho.
Em dezembro, poucos dias antes de Natal, a família de Deise consumiu o suco, seguiu de um bolo preparado por sua sogra, Zeli Terezinha dos Anjos. Sete pessoas participaram de um café da tarde em Torres, onde o bolo envenenado foi servido.
A sogra de Deise, Zeli dos Anjos, que preparou o bolo, também foi hospitalizada, mas sobreviveu. Outro sobrevivente foi um menino de 10 anos, que recebeu alta na semana seguinte. Uma análise posterior revelou que apenas uma pessoa presente no encontro não consumiu o bolo.
Deise Moura dos Anjos foi descrita pela polícia como “manipuladora, fria e dissimulada”. As investigações anteriores apontam que o suposto alvo principal da suspeita era sua sogra, Zeli. Em setembro de 2024, o sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, morreu após consumir bananas e leite em pó que, segundo a polícia, foram contaminados com arsênio.
Mensagens obtidas pela polícia revelam profundas no relacionamento de Deise com a família do marido. Em um áudio enviado após a morte do sogro, a suspeita demonstra desprezo pela sogra, chamando-a de “peste”.
As suspeitas sobre Deise cresceram após a confirmação de que ela foi responsável por levar leite em pó para a casa de seus sogros, ingrediente usado na preparação do bolo fatal. A polícia também investiga como a farinha usada na receita chegou à dispensa de Zeli, apontando para possíveis ações premeditadas.
A coleta de material genético do marido e do filho de Deise foi solicitada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) para aprofundar as análises.
O caso chamou a atenção em todo o Brasil e provocou indignação nas redes sociais. Familiares das vítimas e a comunidade aguardam respostas sobre as motivações de Deise e a extensão dos crimes cometidos.
Com a confirmação da presença de arsênio no suco e novas evidências surgindo, a polícia busca consolidar as provas para formalizar a acusação. A defesa de Deise, por sua vez, alega que ainda não teve acesso completo aos documentos do caso e espera apresentar uma manifestação após análise detalhada.
O delegado Veloso anunciou que outras pessoas poderão ser ouvidas nos próximos dias. Além disso, a polícia não descartou novas exumações e análises para esclarecer o histórico de mortes na família.
Enquanto isso, o mistério em torno dos interesses de Deise Moura dos Anjos e a complexidade dos fatos continuam a intrigar tanto os pesquisadores quanto à opinião pública. O caso fica em aberto, com a expectativa de que novas revelações tragam luz a um dos crimes mais perturbadores da região.