**Teresa Guilherme critica lançamento de produto de Cristina Ferreira: O que está em jogo?**
Na manhã de segunda-feira, 20 de janeiro, os telespectadores da CMTV foram surpreendidos pela presença de Teresa Guilherme como comentadora do programa “Noite das Estrelas”. A troca de ideias entre ela e Maya, a apresentadora do programa, abordou diversos tópicos do mundo das celebridades, mas um dos mais destacados foi o recente lançamento de Cristina Ferreira, uma bruma íntima que promete inovar o mercado de produtos de cuidado pessoal. No entanto, a reação de Teresa Guilherme não foi exatamente positiva. Em um discurso contundente, ela expressou suas preocupações sobre a mensagem que tal produto poderia transmitir, fazendo uma crítica direta ao conceito de empoderamento feminino.
Teresa começou seu pronunciamento afirmando que, ao contrário do que Cristina Ferreira insinuou, a bruma íntima não contribui para o empoderamento das mulheres. Ela argumentou que a invenção de um produto que sugere que as mulheres precisam de algo para “não cheirar mal” reforça estigmas e preconceitos sobre a higiene feminina. “O que ela está a fazer é sublinhar um tabu que existe que nós, mulheres, cheiramos mal, a bacalhau, e que é preciso isto”, disse Teresa, destacando como isso perpetua percepções negativas sobre a feminilidade.
Nesse contexto, a crítica de Teresa Guilherme levanta uma questão importante: a forma como a indústria da beleza e do cuidado pessoal frequentemente utiliza a insegurança das mulheres para promover produtos.
Além disso, Teresa defendeu que a utilização da bandeira do empoderamento feminino em campanhas de marketing, especialmente para produtos que podem ser considerados superficiais, é ineficaz e até prejudicial. “Não se deve usar a bandeira do empoderamento que é tão necessária para outras coisas, neste caso, para vender um sprayzinho da treta!” — apontou. Ela parece acreditar que há questões muito mais importantes que necessitam dessa bandeira, como a luta contra a desigualdade salarial, a violência de género e a falta de representação das mulheres em posições de poder.
O debate, que pode parecer isolado, reflete tensões mais amplas dentro da sociedade sobre como as mulheres se veem e como são percebidas em um mundo que, muitas vezes, não lhes oferece a mesma consideração que oferece aos homens. As conquistas do feminismo têm trazido à tona discussões sobre a liberdade de escolha, e produtos como a bruma íntima podem ser vistos, para algumas, como um símbolo de opressão disfarçada. Ao invés de liberar as mulheres das expectativas sociais enraizadas, tais produtos podem, na verdade, reforçar essas mesmas expectativas.
É interessante notar que a repercussão das declarações de Teresa Guilherme não se restringiu apenas aos espectadores do programa.
Cristina Ferreira, por sua vez, tem sido uma figura polarizadora na mídia portuguesa. Desde suas origens modestas até sua ascensão como uma das mulheres mais influentes em Portugal, ela tem sido aplaudida por muitos, mas também criticada por sua abordagem comercial e pela maneira como aborda o empoderamento feminino. O seu impulso para criar produtos que atendam às necessidades das mulheres pode ser visto como uma tentativa de responder a um mercado em crescimento, mas a forma como isso é feito pode, como argumenta Teresa, diluir a mensagem central de fundamentação na igualdade e na aceitação.
Esse episódio serve como um lembrete de que a conversa sobre o empoderamento feminino e a imagem da mulher na sociedade ainda está em andamento. Produtos que surgem no mercado como soluções para questões de autoimagem precisam ser analisados criticamente. A reflexão sobre o que realmente significa empoderamento e a responsabilidade que vem com a criação e promoção de produtos que abordam a feminilidade são questões que merecem mais atenção e debate.
Em última análise, o que Teresa Guilherme trouxe à tona não foi apenas uma crítica a um produto específico, mas uma chamada à ação para que todas as mulheres se vejam como poderosas sem a necessidade de recorrer a produtos que, em essência, podem mais dividir do que unir. O empoderamento feminino deve ser construído com base em respeito, aceitação e amor-próprio, sem que isso dependa de uma bruma íntima ou de quaisquer outras soluções superficiais.